CIA LUDENS - DOMINGOS NUNES

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TEATRO VIGA
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'O Fantástico Reparador de Feridas', de Brian Friel
Texto de autor irlandês trata de homem atormentado por suposto poder de curar as pessoas
Beth Néspoli, de O Estado de S. Paulo
Especialmente interessado em dramaturgia irlandesa - foi o tema de sua tese de doutoramento -, o diretor Domingos Nunez realizou em 2004 uma bela encenação da peça de nome estranho, Dançando em Lúnassa, de Brian Friel, já adaptada ao cinema sob o título Dança das Paixões, com Meryl Streep no elenco. Agora, ele retoma a obra desse escritor nascido na Irlanda do Norte em 1929, autor vivo, atuante, que chegou a ser senador de 1987 a 1989 e acaba de receber o título de cidadão honorário em Dublin.
Nunez fala sobre essa atração. "Eu diria que Friel está muito interessado em investigar a percepção da realidade a partir da manipulação da linguagem, dos discursos, o que é extremamente contemporâneo", diz. "Se em Lúnassa baseava-se na memória, em O Fantástico Reparador de Feridas é o desejo que forja o real." Não por acaso a peça está estruturada em depoimentos de três personagens sobre um mesmo acontecimento, como num inquérito. "Ou no divã. É o texto mais radical e ao mesmo tempo mais envolvente dele, porque alcança um suspense impressionante", diz Nunez.
"Ele não entrega nada pronto ao espectador e isso é sempre muito interessante, a possibilidade de construir uma história a partir de versões contraditórias", argumenta o ator Walter Breda. Ele é o ‘fantástico reparador’ do título e abre a série de monólogos falando sobre o seu dom de curar as pessoas. Se há uma certeza é sobre a forma como ele explora esse poder, numa tenda de milagres mambembe, que percorre cidadezinhas da Escócia e do País de Gales.
"O problema é que ele não tem o controle desse mecanismo e aí reside o seu tormento. Há alguns momentos em que ele sente ter acessado esse poder e nessas ocasiões ele realmente cura as pessoas. Mas em outras ocasiões simplesmente não acontece", diz Breda. O que está em jogo mesmo é o poder de persuasão, de tocar as pessoas. "É possível fazer várias relações, sobretudo com a própria arte teatral.
Quantos um artista consegue tocar com sua performance?", pergunta Nunez. Talvez, numa plateia de cem espectadores, apenas um deles saia realmente mobilizado. Não raro, ouvem-se depoimentos de pessoas dizendo que um espetáculo x ou y mudou a sua vida. "Há um sentido poético nessa cura."
Se Breda abre a cena, em seguida é a vez de Mariana Muniz, no papel de sua mulher, falar. E vêm as contradições. Que se ampliam quando fala seu empresário (Rubens Caribé). O curandeiro volta para um depoimento final. O jogo está armado. O que realmente aconteceu? "Essa peça é considerada a obra-prima de Friel. É muito instigante."

Fonte: O Estado de São Paulo

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